☆...— Vem e me diz se tem algum motivo para isso tudo. Vem e me diz se tem
um propósito por trás dessa bagunça. Eu senti saudades tuas. Na verdade,
senti saudade de muita gente, mas guardei todo mundo apertadinho aqui
dentro e deixei que me sufocassem.
— Bem sei que sufoca, moço.
Entendo a entonação das palavras que vêm soltas, mas doloridas. Entendo a
fragilidade que abrange a bagunça toda, tua birra em querer ser outro e
depois partir para qualquer lugar, num canto que te alimente com prosa,
poesia e vodka.
— A vida é uma mentira viciada em clichês e
estereótipos baratos que me enjoam. Tem como fugir de tudo isso num
universo paralelo totalmente alheio dessa vida mundana? Tem, mas até
isso é proibido, até isso é insano e considerado crime. E me escondem no
meio de umas paredes limpas e brancas e eu tenho vontade de fugir e
rever as pessoas. E de todas elas, eu queria mesmo era me reencontrar.
— É possível, só depende de você. Não adianta blindar o riso se a alma
anda baleada de insatisfação, não adianta. As paredes brancas bordam uma
paz que não acomoda, nada preenche o vazio que castiga teu corpo. A
fuga persegue tua mente, teu corpo vacila, cai, se atola numa saudade de
tempos bonitos, de coisas que se perderam para sempre. A ausência
mastiga os ossos, o corpo pede reencontros e o futuro se apressa
querendo mostrar o novo.
— Só me diz que vai passar, hora ou
outra. E vou terminar dizendo que o futuro não se apressa em nada. O
tempo se arrasta feito lesma entediada e eu estou cansado de seguir
nesse ritmo tedioso. Mas segue. Tudo segue. Lá e cá. Um dia, quem sabe? ...☆
☆☆... Eduardo Monteiro e Ju Fuzetto ...☆☆
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